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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Reflexões de um cemitério


Enterrando Pensamentos

Neste artigo, eu gostaria de me dirigir especialmente às pessoas que pensam muito em assuntos espirituais, mas somente na hora de um enterro!
Certeza da morte todos têm, mas este é um tema geralmente considerado altamente desagradável e, assim, evitado.  Além do mais, o pensamento geral é que "a vida é tão agitada que não sobra tempo para coisas que pertencem a um futuro remoto".
Mas às vezes você tem de sair da sua rotina e ir à última despedida do amigo ou parente que acabara de deixar este mundo.  E são nessas ocasiões que a realidade da morte é arremessada contra você com tanta força, que os seus pensamentos abandonam os assuntos normais daquele dia e se voltam para a eternidade. 
Os valores eternos infelizmente são muito desprezados, mas quando acontece de serem comparados com os valores terrenos, mostram-se esmagadoramente superiores. O material humilha-se ao espiritual.  O provisório curva-se ao eterno.  E naqueles momentos de séria reflexão, talvez os mais lúcidos de sua vida, você se sente meio ridículo. Ridículo por estar se dedicando com exagerada fixação ao acúmulo de bens na Terra, como se a vida aqui nunca fosse ter fim.  Ridículo por se angustiar tanto com os problemas do cotidiano, que não tem valorizado a companhia da esposa, do marido, dos filhos, dos amigos.
Você descobre que não está vivendo a sua vida, mas gastando a sua vida.  E gastando rápido.  Fatos que parecem ter acontecido ontem, já fazem anos. 
Suas tarefas têm lhe absorvido tanto que você não tem se preparado para enfrentar a morte, que é certa.  Eis aí uma sábia conclusão.  Você teria chegado a ponto de reconhecer a futilidade da sua vida egoísta e material.  Poderia então, a partir daí, aproveitar a oportunidade para decidir firmemente preparar a sua alma para a vida eterna. Pensar “nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da Terra", como aconselha a Bíblia.  Procurar com sinceridade se informar sobre o que Deus tem ensinado sobre a existência humana.  Inclinar atentamente os ouvidos para as palavras que o Senhor Jesus Cristo tem deixado gravadas nas páginas dos Evangelhos.  Dedicar-se mais à leitura e mesmo ao estudo das Escrituras.  Empregar mais o seu tempo em coisas que agrade ao Criador.  Enfim, dedicar toda a sua existência ao controle divino. 
A pessoa que age assim não deixa espaço para a sensação que tem empregado mal a sua vida.  Consegue ficar tranqüila e em paz com Deus, até mesmo quando se encontra frente a frente com a morte, olhando para um amigo sem vida. 
Ah, se você soubesse aproveitar aqueles momentos de reflexão para resolver colocar em prática uma vida obediente a Deus...
Mas, mísera realidade. Nesse ponto começam a jogar a última pá de terra sobre o caixão.  E você desperta. Acabou o enterro. Acabou a meditação. De volta ao estacionamento, você ainda troca algumas palavras com alguém, comentando o triste acontecimento.  Mas, quando ultrapassa os limites do cemitério, seu carro já está apontado de volta ao mundo. Os velhos problemas voltam à prioridade e vai recomeçar toda a sua incoerente rotina.
Que pena! Todos aqueles pensamentos, tão fortes e impressionantes, que há poucos momentos perturbavam a sua mente, agora vão se dissipando como névoa.  Em poucos minutos você já não se lembrará de nenhum deles.  Você não soube valorizá-los, deixou-os escapar, como a criança doente que assiste, impassiva, ao remédio se esvaindo do frasco espatifado no chão.  Não sabe a falta que vai fazer ao seu organismo.  Pois aqueles pensamentos vão fazer muita falta à sua alma.
Meu amigo, dê mais importância à eternidade que você tem pela frente.  O relógio não pára.  Nunca se sabe a que horas vai tocar o alarme para sua partida.  Não deixe para pensar nos assuntos espirituais somente em outro enterro...
 
Pr. Mauro Clark

terça-feira, 13 de novembro de 2012

DE PÉ OUTRA VEZ


 
Vazio que vem do nada

Angustia horrenda e malvada

Sem força, sem fogo, sem alma

Conturbação, aflição e ausência de calma
 

Desânimo, pesar, momento limiar da depressão

Estação cinza, sem brilho, castelo em erosão

Lábios secos em combustão como de um dragão

Mãos gélidas, música sem graça, fúnebre canção

 
Vontade de voar para bem longe

Tocar as asas do arcanjo

Esconderijo de todos os mortais

Silêncio, ausência, tentativas finais
 

Tem dias que o inverno é mais frio

Tem dia que a cama é de cactos

Tem dia que a gravidade exerce sua força máxima

Tem dia, tem dia sem forma e vazio
 

Ainda bem que Deus fala: haja luz!

E o coração imediatamente volta a bater

A alma esmaecida torna a aparecer

E mais uma vez o sol volta a aquecer

 
A cabeça se ergue lentamente

As pálpebras fazem força para se mexer

As pernas se movem

Estou de pé outra vez

Como? Não sei! É melhor perguntar a Deus.

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Você pode ter mais, muito mais!


Proponho uma reflexão no texto de Tiago 4:6 e na citação de J. A. Moyter sobre a passagem:

"Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes."

"Quanto conforto encontramos neste versículo! Ele nos diz que Deus permanece ao nosso lado de forma incansável. Ele nunca falha com respeito às nossas necessidades; Ele sempre tem mais graça à disposição para nós. Ele nunca é insuficiente, sempre tem mais e mais graça a nos dar. O que quer que possamos perder quando colocamos a nós mesmos em primeiro lugar, não conseguiremos perder nossa salvação, pois há sempre mais graça. Não importa o que façamos a Deus, Ele jamais é vencido. Podemos não ser verdadeiros quanto à graça da eleição, contradizer a graça da reconciliação, negligenciar a graça que vive dentro de nós - mas Ele nos dá maior graça. E ainda que chegássemos para Deus e disséssemos, "o que recebi até agora não é o bastante", Ele nos diria: "Bem, você pode ter mais". Seus recursos nunca de acabam, sua paciência nunca se esgota, sua iniciativa nunca cessa, sua generosidade não conhece limites: Ele nos dá maior graça."

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Agarre a oportunidade!


Quantas pessoas você já evangelizou? Se esta tem sido uma prática constante na sua vida, por certo já deve ter se deparado com a seguinte argumentação: “Quando estiver mais velho, irei para igreja. Me converterei quando já tiver aproveitado toda a vida.” Algumas pessoas acreditam que algum dia também crerão, mas logo antes de morrer.
A verdade é que estamos diante de pessoas que não desejam entregar o melhor de suas vidas a Deus. Recusam o Evangelho pensando que terão diversas oportunidades para tomarem uma decisão. Querem entregar a sua vitalidade, força e energia aos prazeres da carne e seus ossos envelhecidos a causa de Deus.
Certa vez ao evangelizar um rapaz, ele me disse que quando estivesse morrendo, na UTI, aceitaria a Cristo. E por incrível que pareça, ele usou uma base bíblica. Afirmou que o ladrão na cruz fez exatamente assim, e por isso pretendia seguir seus passos. Ele afirmou que o ladrão estará no céu, assim como todos os que aceitaram a Cristo na infância.
Naquele momento fiquei pasmo com aquela resposta. Só consegui dizer que ele não sabia quanto tempo ainda tinha de vida. E questioná-lo a respeito do fim trágico do ladrão. Lembro-me de ter dito: O céu do ladrão tu queres, mas a cruz no Gólgota nem passa por tua cabeça não é?
Hoje eu desenvolveria um pouco mais a minha resposta no que se refere ao ladrão na cruz. Warren Wiersbe observa que “o ladrão não foi salvo na última oportunidade, e sim na primeira. Ele não estava presente quando Jesus transformou água em vinho nem quando Jesus acalmou a tempestade ou alimentou as multidões. Não ouviu o Sermão do Monte nem as palavras que Cristo disse ao paralítico: "Os seus pecados estão perdoados". Aquela foi a pri­meira e última oportunidade para acreditar em Cristo.” E ele agarrou com “unhas e dentes”.
Sendo assim, é errado fazer uma analogia com o ladrão. Por favor, abandone este tipo de desculpa. Se você recebeu uma oportunidade de se render a Cristo hoje, se arrependa de seus pecados e confesse a Cristo como único e suficiente Salvador. Não perca esta oportunidade, pois você pode não ter outra!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Você já viu a impressão digital de Deus?

      
      A utilização de impressões digitais serve para identificar pessoas desde a antiguidade em diversos lugares, como Mesopotâmia, Índia, Japão e China. O mais incrível é que estas impressões são únicas em cada indivíduo, sendo diferentes inclusive entre gêmeos. É a marca da unicidade do indivíduo. Com sua digital você responde criminalmente, autentica documentos e sela acordos civis e comerciais.
 
       Não há nenhuma dificuldade em reconhecer digitais humanas, mas e a digital de Deus? Deus também possui suas marcas digitais e estas precisam ser identificadas nas nossas vidas. Leia com atenção Êxodo 8:19 citado abaixo:

Então, disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus. Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito.
 
       Este versículo é relevante por mostrar a limitação dos homens em relação a Deus. A primeira e a segunda praga os magos conseguiram imitar, mas é justamente na terceira, onde o pó é transformado em piolhos que aqueles homens, após tentarem reproduzir a mesma praga, se frustram. E diante daquela manifestação eles são obrigados a reconhecer que aquela obra não era de homens. Aquela praga só poderia ter como fonte o dedo de Deus.

Eu costumo dizer que existem certas providências, certas situações, certas alegrias e vitórias, que somos compelidos a reconhecer indubitavelmente que se trata da impressão digital de Deus.
Acho que você também já deve ter tido a sensação de que em certas ocasiões a digital de Deus parece ser muito visível, não há como haver engano ou deixá-la passar despercebida.
Esta expressão ‘dedo de Deus, apesar de ser bem marcante, não aparece muitas vezes na Bíblia. Logicamente, que quando a Bíblia fala do Dedo de Deus, ela está usando uma figura de linguagem, é o que chamamos de antropomorfismo.
      Mas tratando das ocasiões em que aparece esta expressão, nós podemos citar quatro casos distintos, onde todos enfatizam um grande feito de Deus. É importante afirmar que todas as vezes que esta citação aparece, ela aborda um feito grandioso, miraculoso de Deus.

 1.     A primeira foi esta que lemos em Ex.8:21- Que mostra Deus trazendo uma praga sobre o Egito incapaz de ser reproduzida pelos magos.

       2.     A segunda vez que aparece a expressão ‘dedo de Deus’ é em Ex.31:18 e Dt.9:10.

 E, tendo acabado de falar com ele no monte Sinai, deu a Moisés as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.
 
Nesta passagem está bem claro que o ‘dedo de Deus’ se refere à instituição da lei mosaica para a nação de Israel. Temos aqui mais um evento de suma importância e que diferencia Israel das demais nações. Vemos nesta ocasião um ato sobrenatural de Deus.

         3.     A terceira vez que a expressão dedo de Deus aparece está em Lucas 11:20.

 Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós.

Neste momento temos Jesus expelindo demônios. E Jesus identifica a chegada do reino pela obra que está realizando. Mas um ato sobrenatural e de suma importância, pois é uma marca que indica a inauguração do reino.

4.     A quarta e última vez que a expressão aparece é no livro de salmos. Sl.8:3

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste,
         

Nesta passagem não aparece exatamente à mesma expressão, mas a ideia é a mesma. Neste salmo a ênfase está sobre a criação. Como se Deus fosse um pintor e usasse tinta e papel para fazer surgir diante dos nossos olhos uma paisagem belíssima, aliás, nós mesmos fazemos parte desta criação. Em todas estas descrições bíblicas citadas acima, podemos ver a digital de Deus. Note que muita gente, incluindo incrédulos, conseguiu reconhecer as marcas do dedo de Deus.
Diante desta constatação preciso te perguntar: você tem conseguido perceber a digital de Deus em sua vida? Você tem conseguido discernir o agir de Deus? Você tem visto as marcas digitais de Deus na natureza? Você tem visto as marcas de Deus na sua família? Se não, decida a partir de hoje abrir bem os olhos e contemplar as maravilhas de Deus, pois certamente elas existem.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Você já notou um grande erro nos Evangelhos?


Gostaria de tentar esclarecer uma dúvida nos Evangelhos. Tenho escutado alguns ateus acusarem as Escrituras Sagradas de estarem repletas de contradições. Eles afirmam que a Bíblia está recheada de passagens que se opõem histórica, ideológica e doutrinariamente. Um dos textos prediletos destes "polemistas" é o evento que enfatiza a negação de Pedro. Os Evangelhos citam esta circunstância de forma divergente, acusam eles. Vamos fazer uma breve análise e tirar nossas próprias conclusões:

Pedro negou a Cristo três vezes, e na segunda vez que foi questionado, os Evangelhos sinóticos descrevem da seguinte forma:

Marcos 14:69  E a criada, vendo-o, TORNOU a dizer aos circunstantes: Este é um deles. (Se ele tornou a dizer significa que foi a mesma pessoa - e o próprio artigo que aparece no texto original deixa claro que foi a mesma pessoa.)

Mateus.26:71  E, saindo para o alpendre, foi ele visto por OUTRA criada, a qual disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno.

Lc.22:58  Pouco depois, vendo-o OUTRO, disse: Também tu és dos tais. Pedro, porém, protestava: HOMEM, não sou.

 Diante destas citações alguns anticristãos concluem:

“Foi a mesma criada, outra criada ou um homem? Quem finalmente questionou Pedro, você pode me dizer por gentileza? Dá licença, vocês crentes são cegos! Só não enxerga esta total incoerência quem é fanático ou ignorante. Onde está a famosa harmonia dos evangelhos, podem nos mostrar? Estes crentes ainda têm a coragem de dizer que a Bíblia foi feita por Deus. Se foi Deus realmente o autor, precisamos concluir que este Deus de vocês é completamente confuso, não acham? Ele parece que nunca teve um professor de redação! Se ele não é capaz de escrever um texto coerente, será capaz de quê? Salvar o mundo? Deixem de brincadeira e parem de enganar as pessoas humildes, seu bando de picaretas!”

Temos que confessar que diante de uma leitura rápida e superficial das passagens bíblicas citadas acima, a dúvida surge realmente. Mas também precisamos afirmar que, se uma bula de remédio fosse lida desta mesma maneira irresponsável, muito dos acusadores da Bíblia já tinham morrido envenenados. Na minha humilde opinião, não é Deus quem precisa de professor, e sim alguns "pseudos" eruditos que acham que já alcançaram autonomia acadêmica.  Os donos da verdade!

Por favor caros críticos, prestem bastante atenção, coisa que vocês não fizeram até agora ao ler a Bíblia. Realmente, foi a mesma criada que questionou Pedro novamente, diz Marcos: “Este aí é um deles” [Mc.14.69]. Também foi outra mulher que o questionou segundo Mateus, [Mt.26.71]. Já em Lucas realmente foi um homem que falou: “Tu também és um dos dele” [Lc.22.58].

Então agora passamos a respoder a indagação: "Foi a mesma criada, outra criada ou um homem?" Os três. E este fato não nos coloca diante de uma confusão ou de um erro crasso. Porque os autores bíblicos usaram de liberdade para enfatizar os aspectos que achavam importantes. Cada um contribui com uma perspectiva. E isto não significa contradição, ao invés desta conclusão, nós estamos é diante de uma grande riqueza de informações. Os quadros são complementares e não contraditórios.

Eu não sei o que aconteceu, mas creio que vocês que alegam desarmonia nestas passagens, “engoliram”, ou melhor, não citaram um texto bíblico de suma importância. Eu honestamente não sei se foi por falta de atenção, ignorância ou uma confissão subjetiva dos verdadeiros picaretas. Leia por favor:

João. 18:25  Lá estava Simão Pedro, aquentando-se. PERGUNTARAM-LHE, pois: És tu, porventura, um dos discípulos dele? Ele negou e disse: Não sou.


De acordo com João, vários dos empregados lhe perguntaram: “Não és, porventura, também tu um dos seus discípulos?” [Jo.18.25]. João esclarece que, várias pessoas questionaram a Pedro na sua segunda negação. Sendo assim, há uma completa e perfeita harmonia. Nenhuma contradição. E encerro fazendo uma pequena alteração na citação de vocês acima:

“DÁ LICENÇA, VOCÊS (ANTICRISTÃOS) SÃO CEGOS! SÓ NÃO ENXERGA ESTÁ (HARMONIA) QUEM É FANÁTICO OU IGNORANTE.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A eternidade não é suficiente


         Você já notou como o tempo passa rápido quando estamos fazendo alguma coisa prazerosa? São populares as expressões de espanto: “Mas já!”, “O tempo passou voando!”. Mas também é verdade que quando estamos fazendo algo desagradável os ponteiros do relógio aparentam não funcionar. Um minuto parece equivaler a uma longa hora.
           Creio que estas duas realidades temporais também serão verdades no futuro da humanidade. Para aqueles que estiverem no Inferno terão a impressão de que o relógio está quebrado. Um minuto de sofrimento será muito, muito, muito tempo. Dor, tormento, angústia e terror; e o pior é que nunca acabará, literalmente, o tempo não passará. Será um agonizante eterno presente. O relógio não funcionará no Inferno. O tempo será um grandioso inimigo. A eternidade nesta perspectiva será um tempo exageradamente comprido. No Inferno o tempo é interminável.

           Já no Céu toda a eternidade não será suficiente! Os ponteiros do relógio estarão apostando corrida. Sempre estaremos querendo mais e mais. A eternidade será bem curtinha para conhecermos a Deus. Será insuficiente para toda a adoração que teremos nos lábios. A infinidade cronológica se assemelhará a um milésimo de segundo. A intimidade com Deus será tão prazerosa, tão deleitável e tão plena que teremos a sensação de que o tempo passará voando. A verdade é que no Céu a eternidade será curta demais. Ainda bem que apesar da impressão, no Céu o tempo também é interminável!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Pobreza Espiritual


Sou colecionador de migalhas
Meu rosto é sujo e tenho o coração de palha
Roupas envelhecidas, bolso furado, canto de uma gralha
Olhos encantados com a efêmera gargalhada
 
Alma vazia, coberta de poeira
Vida sem fogo, tição sem labareda
Balão furado, esfera estancada na ladeira
Óh Senhor, onde está o pano de saco e a poeira?
 
Um pedinte de mão estendida
Uma adúltera mulher iludida
Desfilando em passarela destruída
Brindando a escória com uma taça partida
Vida cristã desbotada e derretida
 
Mero domingueiro, sou Batista
Liturgia de um falido artista
Caixão e coroa de flores de um biblicista
Legalismo, verniz e oração simplista
Acrofobia em um espirital alpinista


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Bíblia foi feita por homens? Parte 3


Este é o último post da série em Marcos 1:1. Aconselho que leia os outros dois anteriores para que possa entender a discussão em sua inteireza. Após já ter feito uma introdução em: http://produzindofrutos.blogspot.com.br/2012/09/a-biblia-foi-feita-por-homens.html e ter tratado sobre a Crítica Textual em: http://produzindofrutos.blogspot.com.br/2012/10/a-biblia-foi-feita-por-homens-parte-2.html, preciso encerrar minha linha de pesquisa com um ponto de grande relevância - A Estrutura Textual.

 Este último artigo tenciona mostrar que não há possibilidade de retirar a expressão “υἱοῦ θεοῦdo versículo um de Marcos, sem prejudicar toda a cadeia de ideias do autor inspirado. Não há como fazer tal omissão sem prejudicar a estrutura literária e teológica. Infelizmente Bart D. Ehrmam caiu num erro crasso em não perceber que os campos de conhecimento precisam está interligados. É o que atualmente classificamos como “Interdisciplinaridade”. Priorizar ou abandonar uma ciência em detrimento de outra, é um quadro típico da arrogância academicista ou da deprimente falência da erudição compartimentada.

A perícope de Marcos 1:1-8 é classificada como uma pequena narrativa de introdução, dentro de uma narrativa maior de ritmo.[1] É de suma importância notar palavras chaves como: Jesus Cristo, Filho de Deus, o caminho, o deserto; pois, muito além de expressões com simples significados, temos a Teologia Marcana, iniciada nesta seção e desenvolvida no restante do livro. Por exemplo: Jesus Cristo, o filho de Deus é o preâmbulo para duas citações posteriores importantes, Cristo em Mc.8:29 e  o Filho de Deus em Mc.15:39.[2] 
 
Esta narrativa introduz o introdutor que profetizou acerca de Jesus - João. E nesta passagem, o Antigo Testamento é o cadeado, e Jesus é a chave para destravá-lo. O menor (João) introduziu o maior (Jesus).  É conveniente afirmar que o evangelista não quer que nos concentremos em João Batista, mas em Jesus Cristo, o Filho de Deus.[3]

Existe mérito em notar a quebra cronológica que acontece nesta perícope. Vê-se que o versículo 1 pertence ao presente dos leitores cristãos de Marcos, “O Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus”, mas os versículos 2,3 já visão levar os ouvintes e leitores repentinamente para o passado, a muito tempo atrás, para o berço da promessa do precursor.[4] No versículo 4 os ouvintes já são novamente transportados para o cumprimento da promessa veterotestamentária. Assim, observamos uma mudança não apenas temporal, mas também de protagonistas.

No 1 um, Jesus é a ênfase, nos versos 2-4 João Batista é enfatizado. Isto é relevante por marcar um recurso literário chamado Quiasmo do tipo ABCB1A1. O primeiro a ser anunciado, Jesus, o Filho de Deus, é o último a chegar. O segundo anunciado, João o mensageiro, é o penúltimo. O efeito que tal estrutura visa trazer tem algo a ver com João trazer Jesus para o primeiro plano.[5] Jesus é destacado como antecessor de João Batista, apesar de ter nascido posteriormente.  Note a estrutura quiástica da passagem mostrada graficamente abaixo:
 
A. Filho de Deus - vers. 1
      B. Voz do deserto (Terra) - vers. 2,3
                 C. João Batista - vers. 4, 6, 9
      B1. Voz dos Céus - vers. 11
A1. Filho amado - vers. 11
 
Devido este quiasmo fazer parte da estrutura literária da narrativa de Marcos, nota-se a importância de se manter a expressão υἱοῦ θεοῦ no texto original, pois sem ela, as amarras criadas pelo próprio autor do livro são quebradas e o texto perde sua forma.

Espero que estes posts tenham ajudado ao querido leitor a ter uma perspectiva completamente diferente do texto. Note como é importante aprofundar a pesquisa. Não acredite em artigos que tentam denegrir a fé cristã, sem antes ter uma postura inquiridora e responsável sobre o assunto. Que Deus nos abençoe.

 

 



[1] ALTER, Robert e KERMODE Frank. Guia Literário da Bíblia. Fundação Editora da UNESP. 1997. São Paulo. p. 439
[2] Ibid.
[3] SBJT - Southern Baptist Journal of Theology 8:3 (Fall 2004) p. 8 Exegetical Issues in Mark’s Gospel. Robert H. Stein
[4] ALTER, Robert e KERMODE Frank. Guia Literário da Bíblia. Fundação Editora da UNESP. 1997. São Paulo. p. 439
[5] ALTER, Robert e KERMODE Frank. Guia Literário da Bíblia. Fundação Editora da UNESP. 1997. São Paulo. p. 439

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Diga NÃO para a FELICIDADE...


 
Não sei se você já assistiu ao filme “Sim, senhor”, lançado em 2008 pela Warner Bros, que tem como protagonista o ator Jim Carrey. A comédia se inicia com um homem entediado com o seu emprego num Banco, com amigos que não o desafiam e com um casamento falido. Uma vida completamente infeliz e sem brilho. Mas num belo dia, ele entra por curiosidade e insistência de um amigo em uma reunião, onde a filosofia predominante é dizer “SIM” para tudo. Não importa quão descabida ou absurda seja a oportunidade, é expressamente proibido dizer “NÃO”, sob o risco de ser amaldiçoado. “SIM” é a fórmula apregoada para a felicidade.

Gostaria de esclarecer que assisti a este filme por uma indicação de um amigo, que chamou a minha atenção para a filosofia que regia a comédia. Mas, não tenho coragem de indicá-lo, pois tive que ficar o tempo todo com o controle nas mãos, saltando entre as cenas devido aos apelos sensuais e cenas indecorosas.

Carrey, que no filme faz o personagem de Carl, decide dizer “SIM” a tudo, partindo do principio que a palavra “SIM” o levará a mares nunca antes navegados e que isso acarretará em experiências novas e reveladoras. É nos dito que a felicidade e a "vida digna de ser vivida" se encontra em uma pequena atitude positiva, "SIM".

Já notaram como esta ideia é atual? Reflita por alguns minutos e certamente perceberá que este é o apelo constante da sociedade a todos nós. Qual é a fórmula oferecida para a felicidade? O mundo nos diz que: para alguém ser feliz, precisa dizer “SIM” para tudo o que o coração desejar. Não pode perder oportunidades, pois eles não batem duas vezes na mesma porta. Deve dizer “SIM” para todo tipo de ideia soprada pelo mundo nos nossos ouvidos, pois reprimir vontades, bloquear desejos e conter a libido, traz traumas ao homem (Freud). É bradado aos quatro ventos que não há possiblidade de ser feliz com tantas castrações em sua vida. Não há espaço para o prazer com uma vida tão regrada. Liberte-se! Mas será que estamos realmente diante da fórmula da felicidade?
Vamos rapidamente analisar o que a Bíblia ensina sobre este assunto? Gostaria de meditar com você no salmo 1:1.

“Bem-aventurado o homem que NÃO anda no conselho dos ímpios, NÃO se detém no caminho dos pecadores, NEM se assenta na roda dos escarnecedores.”

             Se você fosse um judeu e tivesse lendo este verso pela primeira vez, jamais deixaria passar despercebido um detalhe muito importante. Note que podemos resumir este verso assim: “Bem aventurado o homem que” “NÃO”, “NÃO” e “NÃO”. Logo no início do cântico o compositor nos ensina que a felicidade só é possível quando aprendermos a dizer “NÃO”.  O “NÃO” nesta passagem é o detalhe que demarca um contraste colossal entre a fórmula de Deus para a felicidade e a filosofia do mundo atual!

Não é por acaso que em apenas um verso aparece três vezes a mesma palavra - “NÃO”. Este é um recurso linguístico do hebraico, e é utilizado para demarcar uma ênfase. O autor está a perguntar: quer realmente ser feliz e realizado? Quer ter uma vida ditosa e bem sucedida? Aprenda rapidamente que a felicidade começa com um retumbante e sonoro “NÃO”. Se você não aprender a dizer “NÃO” para o mundo, “NÃO” para as tentações, “NÃO” para a sedução, “NÃO” para satanás e “NÃO” para você mesmo, nunca encontrará a verdadeira felicidade. 

Quer um conselho? Não adote a filosofia do “SIM”. A libertinagem só te oferecerá alguns momentos de êxtase e euforia. A felicidade real só começará quando aprendermos a dizer “NÃO”.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A Bíblia foi feita por homens? Parte 2

Hoje daremos continuidade ao artigo publicado anteriomente que pode ser acessado no link:  http://produzindofrutos.blogspot.com.br/2012/09/a-biblia-foi-feita-por-homens.html. Pedimos sua compreensão devido ao uso necessário de termos técnicos e siglas que representam papiros e manuscritos. É preciso lembrar que estamos a analisar uma polêmica levantada na Academia em torno da originalidade dos textos modernos. A questão é: será que Marcos 1:1 foi adulterado ou estamos diante de um texto fiel aos autógrafos?
 
Esperamos que no final deste post possa ficar evidente que Bart D. Ehrmam não foi honesto em sua análise crítica. E esta verdade será bem notada quando o confrontarmos com o seu mentor e parceiro em publicações Bruce Metzger. Estudioso este, respeitadíssimo nos círculos de erudição, e com uma postura invejável no quesito moderação e prudência. Elogiado publicamente, pelo próprio Ehrmam, em suas preleções.

O fato é que Ehrmam na ânsia de provar a corrupção dos manuscritos, superestimou, ou melhor, exagerou nas provas.[1] Argumentou com muita contundência, sem contudo possuir um devido embasamento que outorgasse veracidade a sua apologética. Em seu artigo, encontramos por exemplo, as seguintes declarações:
 
"Dois dos três melhores testemunhos de Marcos apoia o texto que omite [υἱοῦ θεοῦ] (Filho de Deus); esta família de testemunhos, isto é, os manuscritos que omitem [υἱοῦ θεοῦ] é diversificada geograficamente; desde que a omissão de [υἱοῦ θεοῦ] ocorre no início do livro, é improvável que seja acidental e quanto mais curto o texto aparece em testemunhas relativamente cedo, independentes, e generalizada"[2]

Primeiramente, diferente do que Ehrmam afirma, é crucial notar que “a variante [υἱοῦ θεοῦ], em português (Filho de Deus), é encontrada na maioria dos manuscritos antigos e importantes, como por exemplo: (os unciais A-Alexandrinus, B-Vaticanus, D-Bezae, W-Washingtonianus, אb – Sinaiticus Corrector e GA 1141) bem como no grosso dos manuscritos posteriores.”[3] Ainda precisamos mencionar que a ausência de [υἱοῦ θεοῦ] em א Θ 28 al pode ser devido a um descuido  do copista, ocasionado pela semelhança das terminações dos “nomina sacra”.
 
A combinação de B D W que apoia [υἱοῦ θεοῦ] é extremamente forte, por isso não é aconselhável omitir as palavras. Nas versões que chegaram até nossas mãos, a expressão foi coloca em colchetes, por causa da antiguidade da leitura mais curta e a possibilidade de expansão dos escribas.[4] No mínimo, para que possa haver honestidade na análise documental e na conclusão da pesquisa, deve-se dar ao Evangelho de Marcos 1:1 o direito de dúvida como Bruce Metzger bem o faz. Ser extremista, quando não há dados suficientes para se posicionar, não é ser corajaso e ousado, e sim, imprudente e sorrateiro. O pesquisador acadêmico não possui a famosa "licença poética" para fabricar  resultados e manipular informações.
 
Saiba que quanto à afirmação a respeito da diversidade geográfica das leituras que omitem [υἱοῦ θεοῦ] é parcialmente verdadeira, pois os textos que admitem a inclusão de [υἱοῦ θεοῦ] são bem mais diversificados geograficamente.[5] 
 
Mesmo que seja preciso concordar que os erros nos manuscritos são bem menos prováveis ​​de ocorrer no início de um livro. No entanto, isso não isenta por completo o escriba, pois um erro poderia ter ocorrido[6] Os olhos de algum copista podem ter saltado de “ουno final de Χριστοῦ para as mesmas letras no final de θεοῦ, omitindo aquilo que estava no meio, dessa forma pondo de lado υἱοῦ θεοῦ.[7]
 
Finalmente é importante declarar que um estudo sério não pode afirmar tão categoricamente a corrupção de um texto sem levar em conta o prejuízo daquela seção para a inteireza da obra. Pretendo mostrar no próximo post que esta omissão se torna inviável e descabida quando o estudioso abandona por um momento a Crítica Textual e aprofunda-se na Literatura Textual.
 
Quero concluir afirmando que é necessário usar de muito cuidado para definir a originalidade ou corrupção de um determinado texto. Para tal proeza, precisa-se possuir vasto embasamento nos cânones da crítica textual. Sendo assim, este artigo atesta a originalidade do texto de Marcos. A expressão υἱοῦ θεοῦ pertence ao texto canônico”.[8] E não será uma  solitária voz acadêmica, inebriada pelo ateísmo, que lançará por terra toda uma tradição textual e uma segurança nos textos preservados.

Até o próximo post, se Deus quiser...


[1] David Hutchison, THE "ORTHODOX CORRUPTION" OF MARK 1:1. Southwestern Journal of Theology.Volume 48 · Number 1 · Fall 2005. Pages 33 - 48
[2] Ehrman, The Orthodox Corruption of Scripture, 110 n. 140.
[3] CARSON, D. A.; DOUGLAS, Moo J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo. Vida Nova, 1997. p. 116
[4] Metzger, B. M., & United Bible Societies. (1994). A textual commentary on the Greek New Testament, second edition a companion volume to the United Bible Societies' Greek New Testament (4th rev. ed.) (62). London; New York: United Bible Societies.
[5] David Hutchison, THE "ORTHODOX CORRUPTION" OF MARK 1:1. Southwestern Journal of Theology.Volume 48 · Number 1 · Fall 2005. Pages 33 - 48
[6] Ibid.
[7] CARSON, D. A.; DOUGLAS, Moo J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo. Vida Nova, 1997. p. 116
[8]LAMAR WILLIAMSON, JR. Mark 1:1-8. Expository Article Interpretation. Presbyterian School of Christian Education. (ATLAS®)